quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Caribe, aqui vamos nós!!!

Inicialmente programamos um 2016 sossegado. Viemos morar a bordo, depois de quase 3 anos em terra. Decidimos largar emprego e fomos morar em Ilhabela, litoral de SP. La ficamos por 6 meses e na metade do ano sentimos vontade de partir mais uma vez e resolvemos subir a costa do Brasil pra fazermos a regata Recife-Noronha. E assim fizemos. Soltamos as amarras no inicio de junho e subimos bem devagar, passeando, curtindo cada porto, sem pressa, sem data pra partir. Passamos por ilha de anchieta (SP), ilha das Laranjeiras (RJ), baía da Ilha Grande, Rio de Janeiro, Vitoria, Abrolhos, Caravelas, Iheus, Itacaré, baía de Camamu, morro de Sao Paulo, Itaparica, Salvador, praia do frances (Maceió), Recife, Fernando de Noronha. Durante essa nossa subida sentimos mta vontade de continuar, sair do Brasil, partir. Porém, na travessia de Recife a Noronha, tivemos um problema com o leme do Leoa, que se partiu ao meio. Navegamos de volta para Cabedelo (Paraíba) decididos a abortar a nossa subida pro Caribe este ano, retornaríamos pra Bahia, pois no nordeste só é possível suspender o Leoa em Salvador.
Foi então que Léo, que há mto tempo estudava a ideia de fazer um leme reserva, de fortuna pro barco, resolveu botar a mão na massa e tentar. Foram 15 dias em Recife, trabalhando dia e nte e finalmente estava pronto nosso leme externo.
Partimos então para testar o novo leme de volta a Cabedelo e a alegria: o leme foi um sucesso! Facil de manusear e em companhia do leme de vento, ele toca o barco no rumo exato, como nunca fez antes.
Depois disso ja subimos até Natal e estamos rumo a Fortaleza, prontinhos pra partir. Que Deus nos acompanhe e nos proteja pq nosso tão sonhado Caribe, aqui vamos nós!!!

Obs: ficaremos sem sinal de telefone ou internet nos proximos dias. Aos que quiserem nos acompanhar, segue o link do nosso spot:
https://www.google.com/url?q=http://share.findmespot.com/shared/faces/viewspots.jsp?glId%3D076k3Hrx0kMTtg82VqKFjUhJYLN958Wfl&sa=D&ust=1479995872051000&usg=AFQjCNHRyzOzLVzk_G-JCOg9TSVmMpVzNw
Leoa ancorado ma maré baixa em Itacaré, BA.
Leoa ancorado na Baía de Camamu, BA
Leoa ancorado em Itaparica, BA
Leoa ancorado em Fernando de Noronha
Léo em Recife, trabalhando na produção do leme externo
Leme depois de pronto
Leoa na praia do Jacaré, em Cabedelo
Leoa em Natal

Compras para a partida
Encostados no pier em Natal para a ultima lavada de roupas e encher os tanques de àgua

quarta-feira, 15 de junho de 2016

"Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor."
Johann Goethe

Há mais de 10 anos que eu tenho vivenciado dia a dia essa frase. Sao 10 anos que eu vejo um cara  buscar incansavelmente o seu caminho. Sao dias e dias de projeto, de trabalho, de fidelidade a seu sonho. Um cara inspirador, sem dúvidas nenhuma um sujeito imperfeito pra lá de especial que eu tive a honra de encontrar pelo caminho.

sábado, 28 de maio de 2016

Olhos vermelhos

Já são 5 meses sem vestir o meu jaleco branco! Sem a medicina a minha vida é outra. Sentimento conflituoso. Tenho saudade de estar no controle, dominar a situação, ver o resultado imediato de uma intervenção, e ao mesmo tempo exercer meu lado humano, buscando a cura e garantindo o conforto. Nos dias de hoje basta seguir o método que utilizo para operar no mercado financeiro, ter disciplina e sangue frio que algum dinheiro vem. Liberdade para sonhar, andar, viver a infância dos meus filhos. Viver sem camisa e de pés descalços. Incerteza pra caramba. Tudo fluindo,  mudando, oscilando como as marés,  as fases da lua, as tendências do mercsdo. Eu aprendendo a surfar, equilibrar, pegar o vento favorável, rizar a vela quando necessário. Fazer a manobra com antecedência. Olhos atentos aos sinais do ambiente. Aprendendo a viver essa vida flutuante. Os velhos olhos vermelhos voltaram, de vez. Com o mundo nas costas.






terça-feira, 14 de abril de 2015

33

Já são 7 meses fundeados em Itaipava, Itapemirim, ES. Foram os 7 piores meses desde sempre. Chegamos, apanhamos, apanhamos e apanhamos. Velejada de Niterói sob forte dor abdominal. Mais uma pedra no meu caminho. Mas chegamos. Em um porto nunca antes frequentado por um veleiro. Os sonhos não moram aqui. Aprendemos com os erros desde o início. Aqui se ancora com 2 âncoras (proa e popa). Cabos boieiros, homens traiçoeiros. O vento sopra e castiga. Noites perdidas, angústia, cabos rompidos, púlpito amassado , guincho quebrado, encalhe na baixa mar. Pó preto sujando tudo. Invasão da cabine. Ladrões. Violação do sagrado. Prejuízo. Pouco tempo de dedicação não nos fez recuperar. O meu espirito passs por testes. Convivência com um povo medroso, com as costas voltadas para o mar. Ausência de amigos, a não ser aqueles feitos justamente no mar. Nada me faz voltar. Desde que chegamos, não saímos. E hoje chegou o 33. Bem diferente dos meus sonhos. O meu coração está menos livre. Aonde foi que se perdeu? Aqui me resta a esperança. Devo me preparar. Quero içar a minha vela e velejar.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Saindo de Paraty



Exatos 6 meses de fundeio de frente ao cais de Paraty. À maneira mais francesa possível, o Leoa ficou a espera dos ventos e das ondas. Sem pagar nada a ninguém e se sustentando por seus próprios meios (diga-se amarras), como há muito tempo já faz. Com os tanques cheios de água da chuva coletada em tantos meses. O casco cheio de cracas, já sem nenhum sinal de venenosa. Paraty como sempre com aquela energia que só ela tem. Eu gosto deste lugar, mas precisava sair dele.

 Puxei o ferro, mas o destino me fez voltar. A peça mais fraca do barco quebrou: o homem em cima dele. Forte dor abdominal me fez dar meia volta. Um dia de atraso e partimos de novo. Agora já sem vento, o motorzão fazia seu trabalho. Velho conhecido daquelas águas. Quantas vezes o Leoa Louca já passou por esses canais? E fomos embora. A Ilha Grande é linda. Mesmo debaixo de chuva e cerração. E agora eu me sinto do tamanho dela. Quero um dia voltar. Acho justo. No Rio pensava em nunca mais parar. Mas as dores e o tempo me fizeram voltar às suas águas podres.

 Mas estranho: elas agora estão claras. E calmas. Fiz um amigo no porto. O Rio é lindo outra vez.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Um sonho, uma realidade

Onde está o seu coração está o seu tesouro. Com essa ideia, embasada na intuição ou numa crença pessoal, me lancei ao mar, desde sempre. Encontrei meus tesouros em Camamu, Marau, Boipeba, Maceió, Recife, Noronha, Natal. E da mesma forma soltei as amarras e rumei pro Rio de Janeiro. Mas alguma coisa aconteceu. Como pude estar enganado? Aonde se quebrou o encanto? O veleiro Leoa está em Paraty, fundeado em sua própria âncora, com o fundo cheio de cracas, a espera das respostas que seu comandante busca. As portas estão fechadas por aqui. Não sei se eu mesmo as fiz fechar. Busco todas essas respostas. Quero poder subir minha mestra e velejar, andar pra onde eu sonhar, como sempre fiz.
 Cidade Maravilhosa, os dois polos que se tocam.

 O mar é como um esgoto a céu aberto. Ao fundo um relevo inacreditavelmente belo.
Todos os caminhos podem te levar.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Agradecimento aos companheiros

Esse ano de 2013 foi o ano em que mais velejamos. Foram mais de 2 mil milhas navegadas e fomos a lugares como Fernando de Noronha, Abrolhos e Rio de Janeiro. Quero agradecer aos companheiros de navegação que estiveram conosco. Muito obrigado pela companhia, pelos papos, troca de ideias, turnos de vigia. O Leoa em 2013 foi muito bem tripulado. A estratégia de compor a tripulação somente por amigos foi muito feliz. Dispensamos o charter e isso nos fez bem.







Um muito obrigado especial para Nelson de Curitiba, que velejou comigo quase todas as 2 mil milhas, um cara extraordinário, um legítimo homem do mar, calmo, observador, introspectivo, resistente e um grande amigo. Nessa terra de homens urbanos de queixo duro e rabo mole, esse cara é uma exceção.
Um obrigado especial para Fernando Ventin, um cara aventureiro, alto astral e moderno, que encarou embarcar em Vitória rumo ao Rio e enfrentou firme e sem enjoar a vida a bordo, a velocidade de Deus, a deriva sem vento, a paciência de navegar sem vento e depois a pauleira do nordestão carioca. Entramos na Baia de Guanabara numa linda manhã. E historicamente quem conquista o Rio vem pelo mar. Em 2014 o Leoa está no Rio de Janeiro. Aberto a novas histórias.